Daniel Miranda
As organizações do terceiro setor a cada dia que passa tem adotado estratégias e políticas empresariais, devido a grande dificuldade de sobrevivência, ou seja, sustentabilidade organizacional. Desde a década de 90 as organizações da sociedade civil do Brasil têm perdido a prioridade de doações de agências internacionais, que a cada dia reduzem o número de projetos e percentagem de financiamento para os países da América Latina.
Analisando a particularidade do Brasil, as agências internacionais, principalmente da União Européia, com base nos dados de crescimento e estabilidade econômica brasileira vêem que o país tem condições financeiras de reduzir as desigualdades e mazelas sociais, diferente dos demais países emergentes, como Ásia, África e Paquistão.
Diante desta realidade, as organizações do terceiro setor têm buscado recursos internos e:
- Garantir a organização institucional conforme legislações vigentes no país, mantendo as documentações jurídicas e fiscais em dias;
- Registrar-se nos conselhos conforme área de atuação, exemplo: Conselho Municipal de Saúde, Conselho Municipal e Nacional de Assistência Social, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, entre outros;
- Definir missão institucional;
- Elaborar e revisitar o planejamento estratégico;
- Elaborar planos de: comunicação, mobilização de recurso e sustentabilidade, mobilização e articulação social, cargos e salário, entre outros;
- Articular-se em redes sociais para incidência nas políticas públicas e execução de projetos sociais, ou melhor, praticar o Advocacy;
- Acompanhar e participar de editais públicos;
- Participar de conselhos, fóruns e comissões temáticas;
- Realizar avaliação de impacto das ações;
- Elaboração e divulgação de relatórios técnicos e financeiros periódicos.
Os pontos apresentados são alguns priorizados. Para a sobrevivência organizacional, as entidades sociais são obrigadas a manterem as documentações atualizadas, entre estas as fiscais, pois são necessárias para a obtenção de recurso.
As organizações devem compreender que sustentabilidade não é só captação de recurso, mas gestão dos recursos (técnicos e financeiros), prestação de serviços e venda de produtos que gerem rendas e realizar economia continua.
Outra questão a ser considerada é a forma de contratação da equipe. Pelas experiências que tive ao prestar assessorias e consultorias, observei que muitas organizações têm as seguintes formas de contratação:
a) Por projeto – a cada projeto a entidade contrata equipe pedagógica e financeira. Com esta modalidade a organização tem alta rotatividade de profissionais o que impede a formação de equipe fixa e profissionalização organizacional.
b) Terceirização – contrata profissionais com personalidade jurídica para reduzir os custos com os impostos, o que garante vantagens na mobilização de recursos, principalmente nas modalidades de concorrência, dentre estas destaco as licitações públicas. Lembro que alguns editais e leis complementares proíbem a terceirização de algumas atividades, o que resulta pela falta de conhecimento a devolução dos recursos de determinadas rubricas.
c) Equipe fixa – Mantém uma equipe mínima por tempo indeterminado por compreender que a organização possui uma missão e para zelá-la faz-se necessário uma continuidade nos processos e na gestão dos programas. Quando a entidade elabora e implementa o planejamento estratégico, desenvolve as ações por setores e programas, o que resulta em projetos e na alocação de profissionais que captem e gerenciem os recursos financeiros e técnicos nestes.
Com base nos aspectos abordados neste texto, podemos considerar que no passar dos anos as organizações do terceiro setor têm passado por grandes desafios de sobrevivência e a necessidade de garantir estratégias e políticas de sustentabilidade. De uma coisa temos a certeza, as entidades que não tiverem organizadas, formarem equipes, atuarem em rede, acessarem recursos públicos, desenvolverem ações de geração de renda institucional e gerenciarem os recursos, não sobreviverão por muito tempo.
Referências bibliográficas
BARBOSA, Maria Nazaré Lins e OLIVEIRA, Carolina Felippe de. Manual de ONGS – Guia Prático de Orientação Jurídica. Editora FGV, Rio de Janeiro, 2004.
CHIAVENTATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
OLIVEIRA, D. P. R., Planejamento Estratégico: conceitos, metodologias e prática. São Paulo. Atlas, 2001.
Gostaria de colocar que para que nossas instituições possam brigar para serem representantes dos recursos à oferecer inclusão e mobilidade economica e social, que da ao ser humanos que reside no Brasil possibilidades de ter uma casa bonita mesmo dentro de uma comunidade, favela, pois morar em favela não é ruim, dentro do estilo de vida exemplo relacionar-se com o entorno, vizinho, difere do asfalto ela primeiro tem que deixar o pre-conceito contra quem esta a ser atendido. Verifiquem o tipo de preconceito e avaliem.
ResponderExcluirGostei da materia, caro Daniel.
ResponderExcluirEu continuo no serviço à vida e vejo as dicultades financieiras para as mais minimas actividades.
Por isso gostei de suas dicas na capataçao e administraçao de recursos.
Lembrei dos nossos tempos de juventude e parceiria la na Plataforma das minhas saudades.
Um abraço para Daniela e tua familia, para Alexander e sua familia, para tantos e tantas.
Salvador